Após quase três séculos, Bugios-ruivos voltam a povoar SC

Após mais de dois séculos ausentes, os bugios-ruivos foram reintroduzidos com sucesso em Florianópolis, graças aos esforços do projeto Silvestres SC. Essa semana marca a libertação de cinco famílias da espécie, que foram soltas em áreas de conservação do Parque Estadual do Rio Vermelho e no Monumento Natural Municipal da Lagoa do Peri, em Florianópolis.

Os bugios-ruivos, primatas nativos da Mata Atlântica e listados entre as 25 espécies mais ameaçadas do mundo, desapareceram da região no século XVIII, possivelmente devido a fatores como caça e perda de habitat. “Esses animais são extremamente sensíveis a perturbações como doenças e desmatamento”, comentou Vanessa Kanaan, diretora do Silvestres SC e presidente do Instituto Fauna Brasil.

Os animais reintroduzidos foram anteriormente acolhidos no Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetas) de Florianópolis, recuperados de acidentes ou resgatados de caçadores. Antes de serem soltos, os bugios passaram por um rigoroso processo de reabilitação que incluiu exames clínicos, vacinação e avaliação de comportamento.

Durante a fase de ambientação, as famílias de bugios viveram em viveiros adaptados no local de soltura, aprendendo a reconhecer alimentos naturais e a se locomover pelo ambiente florestal. “O processo de preparação para a soltura demorou mais de quatro anos para algumas famílias”, disse Kanaan, destacando a complexidade do processo.

A soltura dos bugios foi um evento emocionante para a equipe, misturando a alegria de ver os animais voltarem ao seu habitat natural com a preocupação pelo seu futuro na natureza. “É uma sensação de missão cumprida ver as famílias juntas, se alimentando e se protegendo no ambiente natural”, expressou Kanaan.

Para garantir a adaptação dos bugios, a equipe do Silvestres SC continuará a monitorar os animais, inicialmente fornecendo comida e gradualmente reduzindo a assistência para incentivá-los a buscar alimentos por conta própria. Tecnologias como drones de visão térmica e câmeras fotográficas serão utilizadas para acompanhar a progressão dos primatas no ambiente natural.

Essa reintrodução não apenas recupera uma espécie perdida para a ilha mas também contribui para o equilíbrio ecológico do local, reforçando o papel dos bugios na dispersão de sementes e na regeneração da floresta.

O projeto Silvestres SC planeja continuar os esforços de reintrodução, com mais famílias de bugios preparadas para retornar à natureza nos próximos anos, ressaltando o compromisso a longo prazo com a conservação desses primatas ameaçados e o fortalecimento do ecossistema local.