Maria Eduarda da Luz, 17 anos, formou-se em janeiro no Entra21-Blusoft – programa de capacitação para a área de tecnologia com sede em Blumenau – e já está trabalhando em uma empresa de softwares. “O programa me proporcionou essa oportunidade. É um projeto lindo que eu realmente fiquei apaixonada. Mudou minha vida e a de muitas pessoas que fizeram o curso”, relata. Até agora, o Entra21-Blusoft, realizado com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc), capacitou cerca de cinco mil pessoas e as inscrições para uma nova turma estão abertas até 24 de março.
O programa, uma iniciativa do Polo Tecnológico de Informação e Comunicação da Região de Blumenau (Blusoft), é voltado para jovens a partir de 16 anos e adultos que residam em Blumenau e cidades vizinhas e que estejam cursando ou concluído o ensino médio ou superior. Atende também pessoas com deficiência e imigrantes que planejam colocação no mercado de trabalho.
O Entra21-Blusoft nasceu a partir de uma iniciativa norte-americana, que contava com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento BID e de empresas de tecnologia, como Microsoft e IBM. A ideia era de que empresas da América Latina e Caribe desenvolvessem mão de obra voltada para a tecnologia. “Em 2004 começamos a trabalhar na concepção do Entra21. Fui para Medellín (na Colômbia) e defendi a proposta de Blumenau. Voltei com o programa aprovado”, lembra Sérgio José Tomio, coordenador do programa.
O BID financiaria 60% dos recursos e o restante foi investido pela prefeitura de Blumenau, por empresas e pela Fapesc, que desde aquele primeiro biênio, 2006/2007, apoiou o projeto. “Esse investimento da Fapesc e da prefeitura traz um retorno para o Estado e para o município na geração de riqueza, tanto pelos jovens que vão trabalhar nas empresas como aqueles que empreendem”, avalia Tomio.
De acordo com o presidente da Fapesc, Fábio Zabot Holthausen, a fundação é entusiasta do projeto. “É um programa que tem contribuído muito com a formação de pessoas que ocupam os postos de trabalho na área da tecnologia e, com isso, cria um ambiente favorável para que as empresas possam estar constituídas ou ampliar suas força de trabalho, sua produção nesta área.”
Holthausen afirma que o Entra21 deixou sua marca em Santa Catarina e é modelo para novas iniciativas. “Vamos buscar a ampliação deste modelo de formação de pessoas para todo o Estado ainda em 2021. Buscaremos o apoio dos Centros de Inovação, da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate) e de outras representações do Setor de Tecnologia da Informação (TI) em outras regiões para formar pessoas que vão ocupar os postos de trabalho nestas regiões. Isso gera oportunidades e retenção de talentos. A participação das universidades e do setor empresarial é importante para que isso dê certo.”
Até 350 formados por ano
Todo ano são formados entre 300 e 350 pessoas. Além dos conteúdos específicos, os alunos estudam desenvolvimento humano, educação financeira, empreendedorismo e inovação e concepção de currículo.
A Mostra de Talentos faz parte deste objetivo. Ela é realizada junto com a formatura – devido à pandemia, ocorreu em fevereiro deste ano. “Em dois dias da mostra de talentos, já foram empregadas 75 pessoas, com contrato assinado de trabalho”, informa Tomio. Nos três primeiros meses após a formatura, pelo menos dois terços dos alunos estão empregados, chegando a picos de 80% e 90%. No projeto original do BID a meta era de 40% em seis meses.
Giovani Rodrigues Lisboa, 30 anos, que também trabalha em uma empresa de softwares, acredita que o programa foi fundamental para sua carreira. “Com ele me desenvolvi muito tecnicamente. E tive a oportunidade de conseguir um estágio em uma empresa que admiro muito. Daqui para frente é correr atrás de novos conhecimentos, me empenhar na oportunidade que tive e construir uma carreira nesta área de tecnologia.”