Religiosidade, cultura, cores e ancestralidade. O saldo do 26º Açor – Festa da Cultura Açoriana de Santa Catarina – não poderia ser mais positivo. Além das mais de 60 apresentações folclóricas iniciadas dia 22, das emoções levantadas durante o encontro das Bandeiras do Divino Espírito Santo e de homenagens a grupos tradicionais de cidades como Sombrio e Bombinhas, a celebração promovida pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e pela Prefeitura de Penha novamente colocou na vitrine a açorianidade de todo um povo.
Encerrado domingo, dia 24, o Açor trouxe para Penha dezenas de estandes das cidades filiadas ao Núcleo de Estudos Açorianos (NEA) da UFSC, em parceria com o Departamento de Cultura de Penha. Já na abertura, bela homenagem à memória de Taylor dos Santos, o seu Nôro, de Penha, foi entregue à esposa Alayde Souza dos Santos, a Dona Didi, no Parque de Eventos. Dona Didi recebeu um troféu pela dedicação do esposo às tradições da cultura açoriana.
A festa itinerante, com apoio do Governo Regional dos Açores, retornou à cidade 22 anos depois de sua primeira edição – foi em 1997 que Penha sediou o Açor de número 4. O diretor de Cultura de Penha, professor Eduardo Bajara, relacionou como pontos altos de 2019 no encontro das Bandeiras do Divino, a confecção do Mastro de São Sebastião, ambas na Capela Histórica de Armação do Itapocoróy, no domingo, dia 25, e ainda as homenagens aos 20 anos de grupos como o Mixtura, de Bombinhas, e Açor Sul, de Criciúma, além do desfile etnográfico de sábado, dia 23, em frente ao Paço Histórico Municipal, com as delegações dos municípios participantes.
No evento, presentes a vice-cônsul de Portugal no Brasil, Susana Pereira, o coordenador do NEA, Francisco do Vale Pereira, e a presidenta da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), Ana Lúcia Coutinho. Houve ainda uma homenagem ao historiador Gelci José Coelho, o Peninha, feita pela Escola Pequeno Picasso, de Penha. Peninha é um dos principais guardiões da história, cultura e memória de Santa Catarina, e discípulo de Franklin Cascaes.
O prefeito Aquiles da Costa, na abertura do evento, frisou não apenas o orgulho de novamente a cidade ser a anfitriã, recepcionando mais de 40 municípios, mas também de mostrar seu potencial cultural. Aquiles traçou de maneira consistente um breve retrospecto histórico da colonização açoriana a partir da chegada em Florianópolis, e a atividade econômica das armações baleeiras que em Armação do Itapocoróy, fez-se um porto seguro, estabelecendo ali o marco zero do município, cujo símbolo maior é a Capela de São João Batista, em seus 260 anos de história.
O Departamento de Cultura estruturou uma área com 40 estandes culturais apresentando o artesanato regional de influência açoriana dos municípios litorâneos, onde artesãos produziram ao vivo e venderam suas peças, além de estandes de creches e escolas do Município de Penha, que apresentarão projetos históricos e culturais desenvolvidos durante o ano letivo de 2019.
Entre os destaques, a presença do estande do Arquivo Histórico de Santa Catarina, que confirmou para 30 deste mês a entrega de documentos da história de Penha ao prefeito Aquiles da Costa, e vários bois-de-mamão, além de rendas de bilro. Já o jornalista e escritor local Vilmar Carneiro marcou presença na festa, divulgando e vendendo obras literárias como “O Império do Divino”, história da Festa do Divino Espírito Santo em Penha, e “As Meias do Defunto”, seu mais recente lançamento.
Atualmente, o NEA da UFSC marca presença em 46 municípios do litoral de Santa Catarina, promovendo palestras, cursos, exposições e desenvolvimento de pesquisas que buscam preservar e divulgar a cultura açoriana, e identidades culturais locais. Na edição de Penha, foram anunciadas as candidatas a sediar o próximo Açor: Governador Celso Ramos e Imbituba estão na disputa, segundo informou o professor Bajara.