Em uma carta com 29 páginas, a professora Monique Medeiros, presa pela morte do próprio filho, o menino Henry Borel, muda a versão do depoimento e conta que sofria agressões do vereador e que foi treinada para mentir. O portal CNN apurou que o documento faz parte de uma estratégia que a defesa vinha traçando há pelo menos 10 dias. Os advogados optaram por divulgar tudo que Monique alega sobre o crime depois de a polícia dar sinais claros de que não colheria um novo depoimento dela.
Henry Borel morreu com mais de 24 lesões pelo corpo, incluindo uma laceração no fígado e machucados na frente, atrás e do lado da cabeça. “Lembro de ser acordada no meio da madrugada sendo enforcada enquanto eu dormia na cama ao lado do meu filho. Quase sem ar, ele jogou o telefone em cima de mim perguntando, me xingando, me ofendendo, o porquê eu não estava atendendo ele e do porquê eu tinha respondido uma mensagem do Leniel (onde eu chamava de ‘Lê’ e ele me chamava de ‘Nique’.”, descreve Monique sobre o que seria um dos episódios de violência de Jairinho.
A carta foi divulgada inicialmente pela TV Globo. “Preciso prestar novo depoimento pois fui orientada a mentir sobre a morte do meu filho. Fui treinada por dias pra contar uma versão mentirosa por me convencerem de que eu não teria como pagar um advogado de defesa e que eu deveria proteger o Jairinho já que ele se dizia inocente”, diz Monique no fim da carta.
A carta termina quando ela relatava o momento em que estavam no Hospital Barra D’Or, para onde Henry foi levado de madrugada e onde tentaram ressucitá-lo. “Na emergência do hospital foram os minutos, segundos e horas mais desesperadoras que eu já pude vivenciar na vida. Eu orava, ajoelhava, implorava”, e a carta termina. Abaixo, ela assina com a data de sexta-feira, 23/04, quando o documento foi entregue aos advogados.
A carta não explica pontos tidos cruciais pelos investigadores do caso, como o fato de Monique ter comprado uma câmera disfarçada de lâmpada para tentar flagrar as agressões. Não menciona também a selfie tirada por ela na delegacia e a ida ao salão de beleza depois da morte do filho. A carta não explica, ainda, o fato de Jairinho, que tinha formação como médico e segundo a própria Monique até receitava remédios, não ter feito os primeiros socorros em Henry. O texto escrito aos advogados menciona por alto a troca de emprego, quando ela passou a trabalhar em um cargo comissionado no Tribunal de Contas do Município com salário de R$ 12 mil.