Parte dos cerca de seis mil habitantes de Itá, localizada na fronteira entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, está sofrendo com as graves consequências da estiagem persistente. Há escassez de água nas torneiras, nos chuveiros e até mesmo para beber, e os animais também estão sofrendo com a falta de nutrição, levando à morte de alguns. Como resultado, há um aumento no número de pessoas que procuram auxílio social e dependem de caminhão-pipa para abastecimento.
O município é um dos sete que decretaram emergência devido às condições climáticas. A situação é ainda mais preocupante porque as previsões para os próximos meses não são animadoras.
Itá, que fica a cerca de 600 quilômetros de Florianópolis, orientou os moradores a usar a água de forma consciente, uma vez que a estiagem já faz parte do cotidiano da população desde 2020 e se agravou desde então. Além de Itá, Arabutã, Concórdia, Xavantina, Petriba, Arvoredo e Zortéa também decretaram emergência devido à falta de chuva, todas localizadas no Oeste do Estado.
De acordo com os meteorologistas da Epagri/Ciram, órgão responsável por monitorar as condições climáticas no Estado, as áreas mais afetadas são o Extremo-Oeste, Meio-Oeste e Planalto-Sul. A estiagem é explicada em parte pela ação do La Niña, fenômeno que consiste na diminuição da temperatura das águas do Oceano Pacífico, o que provoca chuvas intensas, porém mal distribuídas e abaixo da média esperada para o período, nas regiões afetadas.
O pesquisador de Hidrologia da Epagri/Ciram, Guilherme Miranda, usa o exemplo de Concórdia para explicar o déficit hídrico provocado pelo fenômeno climático. Durante todo o mês de janeiro, choveu 23,6 milímetros de chuva no município, quando o esperado era de 158 milímetros. O quadro de carência também foi registrado nas regiões citadas.
A falta de chuva prejudica os aquíferos e o nível dos rios, e há pelo menos um rio, no Oeste, que tem situação considerada de emergência, de acordo com o monitoramento da Epagri. As chuvas registradas não foram suficientes para recarregar os aquíferos e manter o nível dos rios dentro da normalidade, pois foram muito pontuais e mal distribuídas. Alguns municípios choveram acima da média e outros, ao lado, quase nada.
A previsão para o próximo trimestre não é animadora, uma vez que são esperadas chuvas abaixo da média e mal distribuídas, e escassas em alguns períodos.
Em março, a chuva ocorre com mais frequência em áreas que já estão registrando volumes maiores, como a Grande Florianópolis, Vale do Itajaí e Litoral Norte. Onde chove em maior quantidade, tem influência de outras condições que favorecem as chuvas, como a atuação de mais umidade vinda do mar, explica.