O A23a, o maior iceberg do mundo, que permaneceu imóvel por mais de 30 anos, começou a se mover, provocando atenção entre cientistas e preocupações sobre o impacto potencial na vida selvagem da Antártida.
Cientistas anunciaram na última sexta-feira (24) que o colossal iceberg, com cerca de 4 mil quilômetros quadrados, começou a se deslocar pela primeira vez desde que se desprendeu da plataforma de gelo Filchner-Ronne em 1986. O bloco de gelo gigante, que já foi o lar de uma estação de pesquisa soviética, tinha sua base presa no fundo do Mar de Weddell, na Antártida.
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Recentes imagens de satélite indicam que o A23a está se movendo rapidamente em direção à ponta norte da península antártica. A mudança é impulsionada por fortes ventos e correntes, o que é considerado raro para um iceberg deste tamanho, conforme destacou Oliver Marsh, glaciologista do British Antarctic Survey.
A expectativa é que o iceberg, pesando quase um trilhão de toneladas métricas, entre na Corrente Circumpolar Antártica, seguindo para o Oceano Antártico pelo caminho conhecido como “beco dos icebergs”. Os cientistas ainda estão tentando entender por que o A23a se desprendeu agora, mas Marsh sugere que ele pode ter ganhado flutuabilidade suficiente para se desvencilhar do leito marinho.
O A23a é também um dos icebergs mais antigos do mundo, e há uma possibilidade de que ele encalhe novamente, desta vez potencialmente na ilha da Geórgia do Sul. Se isso acontecer, poderia interromper o acesso à área de alimentação de milhões de focas, pinguins e aves marinhas que se reproduzem e se alimentam nas proximidades.
Um evento similar foi temido em 2020 com o iceberg A68, mas o desastre foi evitado quando se partiu em pedaços menores. O mesmo destino poderia estar reservado para o A23a.
Oliver Marsh também mencionou que um iceberg tão grande poderia sobreviver por muito tempo no Oceano Antártico e até mesmo viajar mais ao norte em direção à África do Sul, afetando potencialmente o transporte marítimo na região.