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Mais de mil pinguins já foram resgatados em praias de Florianópolis

Aves resgatadas vivas chegam tão debilitadas que muitas vezes morrem no caminho para o Centro de Pesquisa

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Sabemos que é impactante encontrar um, dois, três pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) mortos nas praias. Para algumas pessoas pode parecer muito essa quantidade. Mas, infelizmente, a realidade é muito maior. Nesta temporada anual de migração destas aves, a R3 Animal já registrou até agora 1.118 pinguins nas praias da Ilha de Santa Catarina, e apenas 129 estavam vivos no momento do resgate.

As aves resgatadas vivas chegam tão debilitadas que muitas vezes morrem no caminho para o Centro de Pesquisa, Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos (CePRAM/Animal).

A presidente da R3 Animal e Coordenadora do PMP-BS/Florianópolis, Cristiane Kolesnikovas, explica que os pinguins que chegam às nossas praias em sua maioria estão muito magros, desidratados, hiportérmicos (temperatura corporal baixa), parasitados e, infelizmente, com sinais de interação incidental com redes de pesca. “Nossa equipe faz tudo que está ao alcance para salvá-los, mas nem sempre é possível”, esclarece.

Os pinguins encontrados mortos que não estão em avançado estágio de decomposição são trazidos para o CePRAM e passam pelo exame necroscópico para tentar identificar a possível causa da morte.

De acordo com o veterinário Sandro Sandri, a maioria dos animais que chegam do campo mortos ou que vêm a óbito no CePRAM têm sinais claros de asfixia/afogamento.

“Alguns deles com indícios de interação antrópica, tais como desgaste de penas e hematomas em aleta (asas). Mas, invariavelmente, todos com o pulmão comprometido, com acúmulo de secreção serosanguenolenta espumosa, que são indicativos fortes de asfixia/afogamento, possivelmente provocados por interação com redes de pesca”, explica Sandro.

Em meados do outono, estes animais que começam a chegar à nossa costa saem principalmente das colônias na Patagônia/Agentina, na Península de Valdez.

Temos recebido vários acionamentos diários sobre a presença de pinguins nas praias da Ilha. Em agosto, até o hoje, dia 30, nossa equipe já resgatou 932 pinguins, e apenas 91 pinguins estavam vivos no momento do resgate. Em julho, foram resgatados 182 pinguins, e apenas 36 estavam vivos. Em junho, foram apenas dois registros e as aves estavam mortas. Os primeiros registros dessas aves este ano ocorreram em maio, foram dois animais vivos.

Em 2020, registramos 800 pinguins nas praias da Ilha, 116 vivos no momento do resgate. Em 2019, foram 747 registros e apenas 53 estavam vivos. Já em 2018, foram resgatados 1.814 pinguins, sendo 113 vivos.

Vinte e um em reabilitação

Atualmente, estamos com 21 pinguins em reabilitação aqui no CePRAM, 14 são sobreviventes dos animais resgatados pela nossa equipe. O restante veio de outras instituições executoras no Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS): 2 da Univali/Penha, 2 do LEC/UFPR, 1 da Udesc/Laguna, 1 da Univille/São Francisco do Sul e 1 do IPeC/São Paulo.

A temporada dos pinguins vai até setembro, quando os animais começam a voltar para suas colônias. A maioria dos pinguins que estão na nossa região nadam em grupos mar adentro. Já os pinguins que encalham nas praias, em sua grande maioria, são animais juvenis, estão em seu primeiro ano de vida e encaram pela primeira vez a longa jornada de migração.

Como são inexperientes, é comum que alguns animais tenham dificuldade em se alimentar, se percam dos bandos e fiquem debilitados, encalhando nas praias. Também existem aqueles que interagem com petrechos de pesca. Mesmo não sendo fauna alvo são capturados incidentalmente. É a chamada captura bycatch, ou seja, não intencional.

Sobre o autor:
Brunela
Brunela Maria
Brunela Maria é jornalista desde 2011 e formada pelo Centro Universitário IESB, em Brasília. Trabalhou no Notícias do Dia, em Florianópolis e na Record TV Brasília. Atua como repórter no portal ClicSC.
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