Um estudo publicado na revista The Lancet, conduzido por mais de 100 especialistas de 52 instituições globais, emite um alerta preocupante: as mortes relacionadas ao calor extremo podem aumentar dramaticamente, chegando a quase quintuplicar até 2050, caso as temperaturas médias globais subam 2ºC em comparação ao período pré-industrial.
Este cenário alarmante foi detalhado no relatório que monitora os impactos das mudanças climáticas na saúde humana. Segundo Marina Romanello, diretora executiva do estudo, os dados atuais já apontam para um aumento considerável de dias com temperaturas elevadas, com média de 86 dias anuais ameaçadores à saúde entre 2018 e 2022. Romanello critica o ritmo e a escala das atuais medidas de mitigação climática como insuficientes e alerta para as consequências desastrosas na saúde e segurança das populações.
E nesse contexto, os idosos surgem como o grupo mais vulnerável ao aumento das temperaturas, com um incremento de 85% nas mortes atribuídas a este fator na última década. Além disso, o relatório ressalta que o calor é apenas um dos vários elementos climáticos que influenciam negativamente a mortalidade global.
O agravamento das ondas de calor poderá colocar cerca de 525 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar até 2050, exacerbando o risco de desnutrição. Doenças infecciosas veiculadas por vetores como mosquitos também estão previstas para se expandir, com um aumento estimado de 36% na transmissão da dengue.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, referiu-se ao relatório como um sinal de que a humanidade caminha para um “futuro intolerável” se ações imediatas e mais eficazes não forem tomadas para combater as mudanças climáticas.
A divulgação do estudo busca mobilizar a comunidade internacional, líderes políticos e o público em geral para a necessidade urgente de enfrentar a crise climática, enfatizando a importância de políticas de saúde pública robustas que possam lidar com as realidades de um planeta mais quente.