Entre 971 concorrentes na maior eleição de Santa Catarina, 316 são candidatas. Por lei, partidos e coligações devem reservar, no mínimo, 30% das nominatas a cargos legislativos para mulheres. Essa cota de gênero também deve ser obedecida na hora de partilhar recursos do fundo eleitoral e partidário e na divisão do tempo de propaganda eleitoral. A Justiça Eleitoral Catarinense é atenta e sensível às tentativas de fraudes e, nas eleições de 2020, por exemplo, puniu candidaturas laranjas no DEM e no PSC de Joinville e no MDB de São José.
Até 12 de setembro, os registros de candidaturas estão sendo julgados pelo TRE-SC, inclusive nessa correlação de 30% mínimo e 70% máximo para candidaturas declaradas por gênero. Abaixo ou acima, o partido ou federação que for intimado e não atender às diligências perde o registro. O conceito do movimento por mais mulheres na política, sem violência de gênero, é também para ampliar a diversidade feminina com candidatas bem jovens ou idosas, indígenas, negras, transgêneros.
Para deputada federal, há 108 mulheres de 307, 35% das candidaturas, incluindo Angela Amin (PP), Carmen Zanotto (Cidadania), Carol de Toni (PL), Geovania de Sá (PSDB) que concorrem à reeleição. Nesta eleição, as deputadas estaduais Ada de Luca (MDB) e Marlene Fengler (PSD) vão disputar a bancada federal. Também concorre a petista Ana Paula Lima, suplente de federal, que já exerceu dois mandatos como deputada estadual e concorreu duas vezes à Prefeitura de Blumenau. A vice-governadora licenciada Daniela Reinehr (PL) disputa a federal. São praticamente 20 candidatos para cada uma das 16 cadeiras de deputado federal para Santa Catarina.
Para deputada estadual, são 195 mulheres entre 609 candidaturas, o que equivale a 32% do total. Ana Campagnolo (PL), Luciane Carminatti (PT), e Paulinha (Podemos) concorrem à reeleição. A ex-prefeita de Maravilha por dois mandatos Rosi Maldaner (MDB) e a ex-deputada estadual Dirce Heiderscheidt (MDB) concorrem a uma das 40 cadeiras da Alesc.
O PCdoB é o partido que alcança a melhor proporção de gênero. Metade das suas candidaturas são femininas. Psol, Rede, PV e Solidariedade estão na faixa de 40% e outros, como Cidadania, PDT, PL, União Brasil chegam perto dos 30%.
Dobradinha petista
A ex-senadora Ideli Salvatti (PT) agradeceu a vaga para segunda suplente ao Senado da Frente Democrática porque tem planos para essas eleições. Ela acelera a recuperação de cirurgia no quadril, para ajudar duas campanhas petistas e feministas. A nova e a velha, brinca ela, confiante que colaborará para levar Luci Choinacki (PT) de volta à Assembleia Legislativa. A agricultora de Descanso, representante dos movimentos de atingidos por barragens e sem terra, elegeu-se deputada estadual pela primeira vez em 1987, na sequência, conquistou quatro mandatos como deputada federal. Para a Câmara dos Deputados, a aposta de Ideli é a “fabulosa” vereadora da Capital Carla Ayres, paulista que chegou em Floripa em 2012. Apenas quatro anos depois, conquistou mais de mil votos e a terceira suplência numa construção coletiva de movimentos Lgbtqia+ e feministas para a Câmara de Vereadores. Em 2018, disputou a deputada estadual e fez 7,5 mil votos. Em 2020, elegeu-se vereadora com mais de 2 mil votos e agora volta a tentar a Alesc.
Nomes
Entre candidatas mulheres, é comum que o registro eleitoral faça referência a sua profissão ou ao papel que desempenha. Tem fulana da saúde, sicrana das jóias, beltrana apóstola. Mais doutoras, psicólogas, enfermeiras, engenheiras, da loja tal, assistente social, advogada, policial, youtuber e tia. Também há os coletivos como Dani Coletivo Juventude Lula PT, Marina Coletivo Mães PT e, até, tudo em linguagem de gênero, Livia Coletiva Raízes Psol e Cíntia Mandata Bem Viver Psol.
Sem cota
Para os cargos majoritários, não há cota feminina. Todos os candidatos ao governo são homens. Há quatro mulheres entre 11 candidatos a vice: delegada Marilisa Boehm (PL), Ana Lucia Meotti (Pros), Gabriela Santetti (Pstu) e Bia Vargas (PSB) pela coligação Frente Democrática. O candidato Décio Lima (PT) lutou com os socialistas e conseguiu emplacar a empreendedora de Içara na sua chapa. Ao Senado, há três de 11 candidatas: Caroline Sant Anna (PCO), Hilda Deola (PDT) e Chris Stuart (PSC). Três candidatas à primeira suplência: Bruna Werner (PSC), Miriam Prochnow (Psol) e Marina Soares (Pstu). Também três à segunda suplência: Cariny Figueiredo (Novo), Maria Cristina (Psol) e Ruti Rossi (PTB).
Via MDB
Presidente do MDB e candidato a segundo suplente ao Senado, Edinho Bez, informa que a candidata a presidente pela sigla, Simone Tebet, faz campanha nesta terça (23) em Joinville e Itajaí. Em setembro, retorna para nova agenda. “Além de inteligentíssima e super preparada para o cargo, Simone está há 25 anos no partido. Ela tem o DNA do MDB, assim como o pai dela”, disse Bez sobre Ramez Tebet e criticando a polarização entre Lula e Bolsonaro.
Nova dupla
Jorge Boeira circulou no final de semana com o novo candidato a vice-governador, Adilson Buzzi. O PDT, só para lembrar, concorreria com a Frente Democrática, mas saiu isolado depois que o PT fechou com PSB para o Senado. O médico Dalmo Claro começou a campanha, mas avaliou que não conseguiria conciliá-la com as atividades profissionais. Adilson Buzzi é advogado, atua em entidades assistenciais em Joinville e região, e concorreria na primeira suplência ao Senado, com Hilda Deola, que completou o trio em evento da OAB na Capital.