Os pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) que encalham na costa brasileira, entre meados de outono e o início da primavera, na sua grande maioria são juvenis (estão em seu primeiro ano de vida). Eles chegam debilitados, desidratados e também anêmicos. No último caso, quando há um quadro de anemia grave e não responsiva, uma das alternativas de tratamento é a transfusão sanguínea. Esse método consiste em transferir sangue de um animal clinicamente saudável (doador), de preferência da mesma espécie, para o paciente crítico com anemia (receptor).
“O doador através do sangue fornece hemácias, proteínas plasmáticas e fatores de coagulação que trazem benefícios imediatos ao receptor. Tanto doador como receptor precisam ser monitorados durante o procedimento”, explica a médica veterinária Marzia Antonelli, responsável técnica do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), junto à R3 Animal, em Florianópolis.
A R3 Animal já tinha um grupo de pinguins fortes e saudáveis que passaram pelo período de reabilitação e estavam quase prontos para serem liberados. “Portanto, foi escolhido um pinguim que apresentava ótima condição corporal e resultados sanguíneos excelentes para doação do sangue”, conta Marzia. Após o procedimento, o doador recebeu reposição através de fluidoterapia e voltou para o recinto com os demais e o receptor ficou em observação devido ao quadro delicado.
Marzia explica que diversos fatores podem levar à anemia, principalmente a desnutrição e a parasitose, que causam perdas sanguíneas gastrointestinais. Além de cansaço e prostração devido à falta de oxigenação causada pela pouca quantidade de sangue, a anemia pode comprometer funções de órgãos e do sistema imunológico, por isso é uma alteração que deve ser corrigida. Na maioria das vezes essa correção é realizada através da reposição e suplementação nutricional, porém, em casos mais graves utiliza-se a transfusão sanguínea.