Em reunião recente do Fórum Climático, que congrega os principais meteorologistas de Santa Catarina, o veredicto é que novembro seguirá as mesmas tendências climáticas observadas em outubro, com chuvas acima da média e temperaturas elevadas. O motivo? A persistente influência de um El Niño categorizado como “forte”.
O encontro, que acontece mensalmente e busca esboçar as previsões para o trimestre subsequente, contou com a presença de especialistas de renomadas instituições catarinenses, como Epagri/Ciram, IFSC, Defesa Civil, UFSC e AlertaBlu. O último fórum foi sediado no Salão Nobre da prefeitura de Blumenau, na sexta-feira (27).
Os modelos climáticos apontam que novembro deverá manter o padrão atmosférico de outubro. No entanto, a diferença se evidencia na consistência das precipitações: em novembro, espera-se chuvas persistentes e volumosas, ao passo que em dezembro elas devem ser mais irregulares. Já janeiro possivelmente experimentará volumes de chuva dentro da média ou apenas um pouco acima do esperado. As temperaturas, por outro lado, seguirão elevadas, com pico esperado para dezembro.
No âmbito da compreensão climática, o El Niño é a fase quente do Oceano Pacífico perto do Peru e influencia diretamente os padrões de chuva no sul do Brasil. Em contrapartida, sua contraparte, a La Niña, resulta em precipitações reduzidas. Este ano, a intensidade do El Niño assemelha-se à observada em 1983, quando Santa Catarina testemunhou a mais devastadora enchente da sua história.
Alice Grimm, doutora em Meteorologia e pesquisadora do fenômeno, ressalta que as intensas chuvas de outubro já eram previstas. Contudo, o maior impacto do El Niño geralmente ocorre em novembro. A boa notícia é que, historicamente, novembro tende a registrar menores médias de chuvas que outubro em grande parte do Estado.
Outro aspecto a considerar é que o El Niño não age de maneira isolada. Ele intensifica condições atmosféricas já esperadas para essa época do ano, como as frentes frias que acabam permanecendo mais tempo sobre a região.
A influência do El Niño deverá começar a declinar a partir de dezembro, proporcionando um início de verão com menos chuvas. No entanto, a especialista alerta para um possível aumento de chuvas em março de 2024, antes do fenômeno perder completamente sua força. A neutralidade climática, marcada por temperaturas oceânicas normais, é esperada para o outono de 2024.