Em 2020, o gás natural para a indústria catarinense tem previsão de reajuste de 4% em janeiro e de 8% em julho, adiantou o assessor da diretoria de administração e finanças da SC Gás, Marcos Tottene. Ele e o gerente de planejamento da companhia, Ricardo Santa Catarina, participaram da reunião de diretoria da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), nesta sexta-feira (18), em Florianópolis. “Por enquanto, a conta gráfica mostra que o impacto tarifário previsto tem esses dois movimentos”, informou Tottene, lembrando que há uma chamada pública em andamento para buscar o suprimento do insumo a partir de março do próximo ano, quando se encerra o contrato de fornecimento da SC Gás com a Petrobras.
O gás chega ao estado por meio do gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). A renovação do contrato com a Petrobras implicaria aumento do preço por conta de uma nova política de mercado aplicada pela estatal brasileira. “Estamos passando por um momento de grande mudança nacional no setor de gás. A Petrobras está saindo de um papel de grande atuação na cadeia, desde a produção à distribuição, e dá espaço para novos agentes. Em Santa Catarina, estamos vivendo esse processo efetivamente”, declarou, Ricardo, observando que há em curso uma chamada pública para aquisição de gás, realizada por cinco concessionárias das regiões sul, sudeste e centro-oeste, que são atendidas pelo Gasbol. Foram selecionadas as empresas Petrobras, Shell, Total e YPFB, que agora estão na fase de negociação da chamada. “Estamos com o desafio de fechar esse trabalho e ter um novo supridor de gás a partir de abril”, ressaltou.
O presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, disse que essa previsão de aumento põe a indústria em alerta. “Temos hoje em Santa Catarina o gás mais competitivo do país, mas com perspectivas de incremento no custo. Por isso, precisamos encontrar alternativas, tendo em vista que em alguns setores, como o cerâmico, há produtos que essa elevação pode representar de 20% a 25% do custo”, disse.
Na próxima quarta-feira, dia 23, o tema será abordado em reunião da Câmara de Assuntos de Energia da FIESC, quando será lançada a frente parlamentar do gás natural pela Assembleia Legislativa. O presidente da Câmara, Otmar Muller, lembrou que essa estimativa de alta representa uma ameaça de curto prazo. Ele observou que as mudanças no mercado brasileiro de gás são positivas porque com a abertura do mercado, a tendência é de queda no preço do insumo. “Mas os benefícios desse novo mercado não serão imediatos. Então, quem depende do gás vai enfrentar uma situação difícil”, afirmou.