A crise na Argentina já causa impacto nas exportações catarinenses ao país vizinho, que é o quarto principal parceiro comercial do estado. De janeiro a agosto, os embarques de Santa Catarina ao vizinho ao Mercosul caíram 22% na comparação com o mesmo período no ano passado. O presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Mario Cezar de Aguiar, lembra da importância econômica do país, que integra o Mercosul junto com o Brasil. “A Argentina passa por uma crise cambial e política que influencia a relação comercial e turística com Santa Catarina. É uma situação que preocupa e não tem solução imediata”, afirma, lembrando que até as eleições de outubro o clima de instabilidade tende a permanecer.
A presidente da Câmara de Comércio Exterior da FIESC, Maria Teresa Bustamante, observa que há empresas catarinenses com unidades instaladas na Argentina. “Portanto temos que pensar não somente na exportação direta, como também nas unidades de negócios que estão lá, mas que trabalham de forma integrada com a matriz catarinense”, diz. Para ela, diante da situação, uma das saídas para a indústria tentar reduzir o impacto da queda das exportações é acessar outros mercados e clientes. “Porém isso não é imediato. O mercado internacional não funciona automaticamente. Inclusive, as empresas que são exportadoras já têm contratos com seus clientes e uma série de outros compromissos assumidos. Então, deslocar embarques que eram para a Argentina para outros mercados, obviamente, vai exigir um esforço adicional das empresas”, avalia.
A presidente da Câmara ressalta ainda que Santa Catarina também importa da Argentina e isso também vai ter impacto. Quando se trabalha com o comércio internacional, tem que olhar para as duas pontas — importação e exportação. A situação da Argentina termina encarecendo muito mais a saída do produto. Então você tem dois custos adicionais: o encarecimento do produto argentino na ponta de venda e a chegada da mercadoria no Brasil impactada pelo dólar, que subiu bastante nas últimas semanas.