Foi-se o tempo em que as profissões eram exclusivamente masculinas ou femininas. Cada vez mais, as mulheres se firmam em cargos que antes eram ocupados apenas por homens e mostram que não é preciso deixar a delicadeza e a vaidade de lado para exercer essas funções. Para elas, o segredo para vencer preconceitos e ganhar respeito é fazer o que se gosta.
No comércio internacional, isso não é diferente. Luciana Oliveira, gerente de Marketing da Allog International Transport, é um exemplo de determinação. Ela, que sonhava ser professora, entrou no segmento de comércio exterior quase que por acaso ao ser convidada para trabalhar como assistente de uma empresa do setor, em Porto Alegre (RS). Cinco anos depois, mudou-se para Santa Catarina, onde trabalhou em mais duas companhias do segmento até sair para fundar com o marido, Alex Oliveira, a Allog, com matriz em Itajaí (SC) e 16 anos no mercado. Atualmente, a empresa tem um quadro de 127 colaboradores, dos quais 72 são mulheres. Destas, 11 ocupam cargos de gestão.
Até bem pouco tempo, no entanto, a presença da mulher no segmento era menor. Muitos empresários do setor entendiam que um mercado que envolvia movimentação de cargas, porto e logística era tipicamente masculino. O cenário mudou, mas as mulheres têm ainda um longo caminho a percorrer. Um estudo publicado pela revista Harvard Business Review comprovou que elas ainda são discriminadas em processos seletivos por causa do gênero, ou seja, da possibilidade de serem mães e ficarem afastadas da empresa por um período de até seis meses no Brasil e de mais de um ano em alguns países do mundo.
Segundo a analista de Operações da Allog, Sanny Gonçalves, nem sempre o sucesso vem rápido. “Na maior parte das vezes, ele só dá as caras depois de muito esforço e algumas tentativas falhas. Com o amadurecimento profissional, entende-se que aquele não era o momento certo de subir o próximo degrau. E ele não representa necessariamente um cargo de alto salário, conquistas materiais ou um time para liderar”, diz.
Depois de trabalhar três anos como assistente financeira, a gaúcha Francine Lima percebeu que poderia aproveitar outras oportunidades. Foi nesse momento que resolveu aceitar a proposta para estagiar na recepção da matriz da Allog, em Itajaí. Três meses depois, foi promovida para o Departamento de Recursos Humanos. A segunda promoção veio três anos mais tarde, com um desafio ainda maior: fazer os processos de recrutamento e seleção de novos colaboradores. “Nesses cinco anos que trabalho na Allog, me deparo todos os dias com novas metas e objetivos. A empresa possibilitou não apenas o meu crescimento profissional, mas o meu amadurecimento pessoal”, finaliza.