A cooperação dos órgãos do Estado foi fundamental para o controle do incêndio que devastou aproximadamente 800 hectares de vegetação no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, na Grande Florianópolis. A avaliação é do governador Carlos Moisés, que concedeu uma coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira, 12, poucas horas depois do fim da ocorrência no município de Palhoça. Ele exaltou o trabalho realizado pelo Corpo de Bombeiros Militar, pela Polícia Militar Ambiental, pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA) e pela Defesa Civil estadual.
O incêndio, que começou na manhã de terça-feira, foi combatido por 162 bombeiros, 90 policiais ambientais, 18 funcionários do IMA, oito representantes da Defesa Civil, além do apoio de duas guarnições da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Também foram empregadas dezenas de viaturas no combate ao fogo, além dos helicópteros Arcanjo (Bombeiro) e Águia I (Polícia Militar). Mais de 250 mil litros de água foram utilizados no trabalho.
“Acreditamos que foi uma operação exitosa. Esse incêndio serviu também para fazer uma avaliação de como o governo conversa entre si. O resultado tem sido bom. Queremos implantar planos de contingência conectados entre as agências. Isso faz com que a resposta seja mais rápida”, avaliou Carlos Moisés.
O governador ainda acrescentou que a ocorrência desta semana atingiu menos de 1% da área total do parque. Os incêndios na região não são incomuns. Desde 2004, outras três ocorrências de grande porte ocorreram no parque, sempre com área danificada superior a 900 hectares.
“Infelizmente essa ocorrência não é uma novidade para Santa Catarina. Os últimos três incêndios na região superaram os 800 hectares. É um local de difícil combate ao fogo, pois é alagadiço”, acrescentou Moisés.
Na avaliação do comandante-geral dos bombeiros, coronel Charles Vieira, a baixa umidade relativa do ar dificultou o trabalho para debelar o fogo, e a situação ainda exige cautela, embora não haja mais nenhum foco ativo.
“Foi um incêndio de grandes proporções. Além da baixa umidade do ar, tivemos um vento nordeste muito forte, que fez com que as chamas se propagassem. As equipes precisaram se dividir para fazer esse trabalho de combate”, explica Vieira.
O chefe da Defesa Civil, coronel João Batista Cordeiro Júnior, ainda ressaltou que o local é alagado, o que também dificultou o trabalhos dos Bombeiros. “Diante disso, podemos afirmar a resposta foi rápida e efetiva”, ponderou.
Apuração das causas
O governador Moisés determinou ainda que seja realizada uma perícia para apurar a causa do incêndio. Caso haja ação humana e o responsável seja identificado, ele pode pegar uma pena de três a seis de prisão.
Na avaliação do presidente do IMA, coronel Valdez Rodrigues Venâncio, outro aprendizado com a ocorrência é a necessidade de se ampliar uma plano de educação ambiental, para que as populações vizinhas aprendam mais sobre a importância de áreas de preservação.
“Precisamos também regularizar muitas áreas. É preciso tirar isso do papel de fato e de direito. Com as áreas regularizadas, o Estado pode partir até para concessão delas”, disse Venâncio.
A recuperação da área atingida deve levar de dois a três anos, dependendo da espécie, de acordo com o comandante da Polícia Militar Ambiental, coronel Marcelo Pontes. “Agora faremos o monitoramento do local, para traçar os programas de recuperação. A avaliação do que realmente foi perdido será feita com base no relatório dos Bombeiros. Só assim teremos condições de afirmar o dano real da fauna e flora”, explicou Pontes.
O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro
O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, maior unidade de conservação de proteção integral do Estado, foi criado em 1975 para proteger a biodiversidade rica da região e os mananciais hídricos que abastecem as cidades da Grande Florianópolis e do Sul do Estado. Ocupa cerca de 1% do território catarinense e abrange áreas dos municípios de Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Bonifácio, São Martinho, Imaruí e Paulo Lopes. Fazem parte do Parque as ilhas do Siriú, dos Cardos, do Largo, do Andrade e do Coral, e os arquipélagos das Três Irmãs e Moleques do Sul.