Lideranças políticas e entidades ligadas à imprensa e à liberdade de expressão saíram em defesa dos meios de comunicação de Santa Catarina, depois que o governador Carlos Moises (PSL) defendeu, em uma live com empresários, que eles pressionassem a imprensa do Estado, inclusive financeiramente, para censurar e cercear o acesso à informação de veículos e jornalistas.
Nota de repúdio foi emitida pela Associação Catarinense das Emissoras de Rádio e Televisão (Acaert).A entidade considera que esse tipo de manifestação demonstra, por parte do governante, um total desconhecimento do papel da imprensa, que tem a obrigação de divulgar toda e qualquer informação que for de interesse público e para o bem da sociedade. “Reforçamos ainda que o segmento não mediu esforços, desde o início da pandemia, para levar a informação precisa aos catarinenses, reforçando os protocolos de segurança das autoridades de saúde e dando ampla divulgação, principalmente, aos esforços do Governo do Estado no combate à COVID-19, que teve horas exposição na programação das principais emissoras de Santa Catarina”.
A Acaert também disse que “Surpreende-nos, portanto, o conteúdo dessas declarações pelo tom de ameaça e as insinuações autoritárias, uma vez que o próprio mandatário elogiou e agradeceu publicamente por diversas vezes em coletivas de imprensa a cobertura profissional que vem sendo feita pelos mesmos veículos que hoje ele pede que sejam responsabilizados por fazerem justamente aquilo que é obrigação, informar a população. Esperamos que prevaleça o respeito com o segmento da comunicação e com a democracia, na qual a liberdade de imprensa é um direito inegociável e não pode sofrer qualquer tipo de pressão ou insinuação por parte de quem quer que seja. Como proferiu a suprema corte americana ao absolver os jornais que divulgaram documentos secretos: “A imprensa deve servir aos governados, não aos governantes””.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) considerou inaceitável a tentativa do governador de Santa Catarina de cercear a liberdade de imprensa por meio da pressão econômica. A manifestação da entidade foi feita no final da tarde desta sexta-feira, por rede social, motivada por uma declaração do governador a um grupo de empresários.
O presidente San Câmara de Vereadores de Balneário Camboriú, Omar Tomalih, disse que atônito as declarções de Moisés. Segundo ele, se não fosse o trabalho investigativo da imprensa, os cidadãos, “não saberíamos dessa tentativa desastrosa que praticamente jogou fora R$ 33 milhões dos cofres públicos. Me causa incredulidade que nosso governador teve a audácia de sugerir aos empresários, que usassem seu poder de investimento de mídia em veículos de comunicação, para cercear a imprensa de Santa Catarina. A liberdade de imprensa é imprescindível numa sociedade democrática como a nossa. Eu repudio totalmente qualquer tentativa de calar a imprensa e infelizmente governador Moisés, o senhor tem muitas contas a prestar ao cidadão e a cidadã catarinense que em 2018, confiou o voto em sua pessoa”.