O primeiro debate pelo SCC SBT, da família Amaral, confirmou que as eleições 2022 em Santa Catarina já têm lógica. As alianças políticas, tirando um ou outro passo em falso, buscaram dar respostas ao padrão de busca do eleitor.
AVALIAÇÃO DO GOVERNO A primeira baliza é sobre a reeleição do governador Carlos Moisés, o desconhecido de 2018 que é favorito em 2022. O candidato do Republicanos fez a maior aliança, são sete siglas incluindo MDB. Coloca-se para fazer mais no Estado do pleno emprego, menor índice de criminalidade violenta, menor mortalidade na pandemia, com redução da máquina pública, investimentos acima do limite legal em educação, distribuição de recursos aos municípios e colaboração em obras federais. “A cada cinco minutos um emprego se abre em SC, geramos em três anos e meio, durante a pandemia, mais empregos do que nos oito anos anteriores. Somos o Estado menos desigual e já investimos R$ 6 bilhões nas cidades”, estabeleceu Moisés, que mexe bem com dados e comparações. Todos os demais rivalizam: Esperidião Amin (PP), Décio Lima (PT) e Jorge Boeira (PDT) com cortesia, Jorginho Mello (PL), Gean Loureiro (União Brasil) e Odair Tramontin (Novo) com visível inflamação.
PALANQUE PRESIDENCIAL Em pistas de alto tráfego bolsonarista, Décio Lima com Dário Berger (PSB) ao Senado aposta na via contrária, onde estão pelo menos 30% dos eleitores. Se a escolha verticalizar, conseguir o voto lulista ou anti-bolsonarista também pode dar margem para segundo turno. “Essa eleição tem lado e eu sou o único ao lado de Lula e da esperança”, demarcou o ex-prefeito de Blumenau. No outro lado, Jorginho Mello (PL) tenta hidratar sua chapa pura com o apoio, ainda que virtual, do próprio presidenciável. Carlos Moisés e Gean Loureiro fazem cara de paisagem. O primeiro alega que SC colaborou com o governo federal, já que faltaram recursos para todos os estados. O segundo, que fustigou Bolsonaro com as vacinas na pandemia, mas agora anda com João Rodrigues (PSD), diz que será parceiro de quem for presidente. “Não é porque escolhe presidente que precisa votar no seu candidato a governador”, relativizou.
IDENTIFICAÇÃO Por aparência, experiência e senso de humor, o candidato de maior recall, a lembrança para o eleitorado, é Esperidião Amin. Aos 7.4, duas vezes prefeito da Capital, duas vezes governador, deputado federal e duas vezes senador, nunca trocou de partido e, dessa vez, engatou a versão turbo, atualizada e com emoção pelo apoio do PSDB e PTB. Tem falado em usar sua energia para “fazer melhor e o melhor por SC”. Declara voto em Bolsonaro, mas não vai polarizar com Jorginho Mello. Questiona o desempenho do governo estadual em saúde, mas reconhece o acerto de aportar recursos em rodovias federais. Troca figurinha em educação e gestão por indicadores com o empresário Jorge Boeira. Em tamanha simpatia com Décio Lima, ao reconhecer a atuação de Dário no Senado em favor de recursos para infraestrutura, o petista devolveu a cortesia e chegou a brincar com possibilidade de segundo turno entre ambos.
Está na mão do eleitor agora. Os 30 partidos ergueram nove chapas majoritárias, mais uma exclusiva ao Senado de Afrânio Boppré (Psol), com elenco respeitável e diverso. Com debate público começam bem as eleições, porque convém lembrar que a própria natureza da verdade está na política e no valor da democracia.
Palanque Bolsonaro (usar foto)
Na última convenção da temporada, o PL homologou a candidatura de Jorginho Mello ao governo com Marilisa Boehm, delegada de Polícia de Joinville, a vice. O empresário e ex-secretário nacional de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif, candidato ao Senado, providenciou vídeo feito em celular no qual o presidente Bolsonaro declara: “Aí em Santa Catarina estamos fechados com Jorginho Mello e Jorge Seif. Vocês sabem o carinho que tenho com vocês, de 2017 pra cá, nossas pautas semelhantes, o quanto defendemos a família e o amor que temos pelo Brasil”. Mello vem para bater de frente com Moisés. “O nosso povo, que tem tanto orgulho de SC, hoje está envergonhado. Não do Estado, mas de quem governa. A cada instante, somos bombardeados por escândalos, traições, desvios de verba e de caráter”, pontuou.
Calor da ironia
Quando Gean Loureiro lembrou que Amin foi prefeito da Capital ainda em 1975, o ex-governador devolveu a ironia dizendo que somam os mesmos anos de experiência na política. “Não fui comissionado como você. Quando estive sem mandato, aproveitei para me atualizar em sala de aula, no doutorado, aprendi inclusive a ouvir.” Depois de Gean mencionar ter feito 2 mil obras na Capital, incluindo 300 quilômetros de rodovias, Amin retrucou que ficaria muito triste se, como Gean, tivesse construído uma casa popular em Florianópolis e demolido 89 construções irregulares, incluindo a atual gestão.
Frieza do ataque
Jorginho Mello atacou Moisés e Gean por conta da pandemia. Disse que, enquanto garantiu o Pronampe para salvar 750 mil empregos em SC, com R$ 4 bilhões em financiamento para 62 mil empresas, as políticas do Estado e da Capital fecharam empresas, aumentaram favelas e pessoas em situação de rua. Gean defendeu Florianópolis como a cidade que mais gerou empregos, cuidando da vida e da saúde, mas também da economia. “Isso não é verdade, o senhor desempregou, fechando bares e restaurantes. Estava viajando a Cancún, se divertindo, enquanto as pessoas aqui, desesperadas, estavam indo dormir na rua”, atacou.