O ex-secretário da Saúde, Helton Zeferino, acusou a Casa Civil de ter participado diretamente das últimas compras envolvendo o governo de Santa Catarina. Zeferino fez a afirmação durante depoimento prestado ao Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO), do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) sobre a compra de 200 respiradores por R$ 33 milhões em março.
Por sua vez, o secretário da Casa Civil, Douglas Borba, disse que não teve participação no caso e que a pasta cobra ações para o combate à pandemia, porém, as licitações são responsabilidade de cada setor individualmente.
O ex-secretário de Saúde admitiu que autorizou a compra dos equipamentos, mas negou que tenha ordenado diretamente o pagamento de R$ 33 milhões pelos respiradores. Zeferina ainda diz que Douglas Borba teria pressionado o governo em quatro oportunidades e teria trazido a empresa contrata para a compra dos respiradores.
O governo de Santa Catarina comprou os respiradores no dia 26 de março. Cada aparelho custou R$ 165 mil, valor pelo menos 65% mais caro do que os adquiridos pela União durante a pandemia. O lote com 110 respiradores deveria ter chagado até o dia 7 de abril, o que não aconteceu. Já um segundo lote, com o restante dos respiradores, precisaria ser entregue até 30 de abril, o que também não ocorreu.
A 1ª Vara da Fazenda Pública de Florianópolis bloqueou R$ 33 milhões da empresa Veigamed, que vendeu os 200 respiradores por esse valor, e suspendeu qualquer novo pagamento relativo ao contrato. Além de uma investigação da Polícia Civil sobre o assunto, o caso também é alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc).
O Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE) também investiga a compra. Durante as investigações, Zeferino pediu para deixar o cargo de secretário. Na segunda-feira, o estado admitiu “fragilidades” na compra.