Uma criança de 4 anos morreu em Barra Velha, vítima de dengue. A família denunciou ainda negligência por parte do Pronto Atendimento onde a mãe, Ana Maria, levou a filha. Sofia, começou a apresentar os sintomas na segunda-feira (25). Ela foi levada até o PA, onde recebeu uma pulseira de prioridade, porém, como havia muitos pacientes, o atendimento demorou.
Foi a mãe quem pediu à enfermeira o termômetro para medir a temperatura da filha, que tinha 39,9ºC de febre. Neste momento, Sofia foi atendida e banhada com compressas de água gelada. A febre baixou cerca de sete horas após a chegada delas na unidade. Medicada, ela foi liberada.
Os médicos indicaram a realização do exame de dengue. Porém, o teste não seria feito na hora. Era necessário aguardar que o serviço de saúde entrasse em contato.
Dois dias depois, os sintomas pioraram. Sem condições financeiras para realizar o teste particular, a família contou com a ajuda de uma amiga da igreja, que se prontificou a levar Sofia na farmácia e fazer um teste rápido da dengue.
— Deu positivo muito forte, não deu nem segundos e já deu positivo — diz Ana em meio às lágrimas. No local, a farmacêutica deu suplementos e vitaminas para Sofia. A mãe conta que, nos primeiros dias, o corpo da filha aceitou a medicação, mas depois, já não faziam mais efeito.
Com inchaço nos olhos, rosto e barriga, a pequena foi novamente levada ao PA na quarta-feira (27). Lá, sem exames, o médico disse à Ana que Sofia tinha gastroenterite bacteriana.
— Esse médico não pediu exame, não receitou remédio na veia, nada. Deu remédio comprimido, pomada —, diz a mãe, que achou estranho o diagnóstico, já que a filha nunca teve um quadro de doença semelhante.
De quinta para sexta-feira (29), a pequena começou a passar mal novamente. A amiga da família foi quem ajudou Ana a levar Sofia pela terceira vez ao PA. Lá, a menina já teve uma parada cardíaca e foi levada com urgência para o hospital em Jaraguá do Sul. — O médico de Jaraguá falou que se ele [médico do PA] tivesse pedido exame para ver que tipo de dengue ela estava, podia ter salvado ela. Fui para casa confiando nele — lembra Ana com revolta.
Em Jaraguá do Sul, Sofia ficou internada durante o fim de semana. Ela permaneceu na Unidade de Tratamento Intensiva (UTI), teve registro de sangue no pulmão e, por conta da gravidade do quadro, teve duas paradas cardíacas e óbito confirmado no domingo (31).