As intensas chuvas que assolaram o Estado durante duas semanas resultaram em consideráveis danos financeiros para os agricultores de Canoinhas, uma cidade localizada no Norte de Santa Catarina. Segundo dados parciais dos primeiros 10 dias de outubro, a estimativa é de um prejuízo de aproximadamente R$ 63 milhões.
Um levantamento conduzido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) revelou que as plantações de fumo foram as mais prejudicadas. Com uma área de 6.680 hectares afetada, o prejuízo estimado ultrapassa os R$ 39 milhões.
Outras culturas também sofreram grandes perdas. Entre elas, o trigo com R$ 12 milhões, feijão com R$ 4,7 milhões, milho registrando R$ 5,4 milhões, plantações de legumes com um valor de R$ 421 mil, morango contabilizando R$ 181 mil e erva-mate chegando a R$ 88 mil. Na produção leiteira, acredita-se que pelo menos seis mil litros tenham sido perdidos. Adicionalmente, as criações de suínos e aves sofreram danos significativos em suas estruturas, com destelhamentos e, em casos mais severos, desabamento de barracões devido aos fortes ventos.
A prefeitura local reporta uma vasta destruição em toda a área rural da cidade. Em adição às inundações e ventos intensos, Canoinhas também foi atingida por uma chuva de granizo no dia 4 de outubro. As pedras de gelo eram tão grandes que, seis horas depois, ainda não haviam derretido completamente.
Diversas localidades como Matão, Taunay, Sereia, Cachoeira, Ana Gorda, Rio do Pinho, Paula Pereira, Santa Leocádia, Santa Haidê, Santo Antônio, Boa Vista, Estação Paciência e Erval Bonito foram impactadas pelos eventos climáticos extremos.
Juliano Oliveira, agrônomo da Epagri, alertou para as consequências futuras. Ele ressaltou que as chuvas excessivas podem levar a problemas fitossanitários nas lavouras e complicar o controle de doenças e pragas.
Apesar da Defesa Civil estadual ainda não ter definido oficialmente o fenômeno que atingiu Canoinhas, meteorologistas consultados pela prefeitura suspeitam que a região pode ter sido afetada por um microtornado.
Vale lembrar que Canoinhas já havia decretado situação de emergência no início de setembro, após ser impactada por outro temporal. Esse estado de alerta foi intensificado após os recentes estragos de outubro.
Entretanto, a situação começa a se estabilizar. Na segunda-feira (23), mais de 1,6 mil famílias desalojadas iniciaram o retorno para suas residências, e as aulas na área rural foram retomadas em 25 de outubro. A prefeita de Canoinhas, Juliana Maciel, afirmou que, em parceria com a Defesa Civil do Estado, as famílias estão recebendo suporte com telhas, alimentos e itens essenciais.