A pior queda dos últimos 20 anos foi registrada pela Bolsa de Valores brasileira nesta segunda-feira (9). O Ibovespa, maior índice acionário do país, despencou 12,17%, a 86.067 pontos, menor patamar desde 26 dezembro de 2018. Essa é a maior queda diária, em termos percentuais, desde 10 de setembro de 1998, quando a Bolsa caiu 15,8%, em período marcado pela crise financeira russa. Foi acionado um sistema de parada de emergência, que evitou que as perdas fossem ainda maiores. Foi primeiro circuit breaker desde o episódio conhecido como Joesley Day, em maio de 2017, e sexto da história. O dólar disparou, chegando a R$ 4,72, apesar da intervenção do BC (Banco Central). O risco-país teve alta recorde e os jurus subiram.
À tarde, o BC fez mais um leilão à vista, vendendo US$ 465 milhões. Apesar das intervenções, a moeda fechou em alta de 2%, a R$ 4,727. O turismo está a R$ 4,92 na venda. Em algumas casas de câmbio, chega a ser vendido acima de R$ 5. Dentre emergentes, o real teve a quarta pior queda da sessão, atrás dos pesos colombiano e mexicano e do rand sul-africano. O pessimismo do mercado veio do avanço do coronavírus e da crise internacional do petróleo.
O quadro é de muita aversão a risco, com investidores em todo o mundo buscando ativos considerados mais seguros, como ouro, dólar e títulos doTesouro americano. A busca pelo Tesouro faz o rendimento destes títulos desabarem. Nesta sessão, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dez e de trinta desabaram para suas mínimas históricas: 0,997% ao ano e 0,543% ao ano.
São esperadas, no entanto, medidas do governo brasileiro para reduzir o impacto da crise.
A deterioração nos mercados nesta segunda sinaliza ainda os efeitos negativos da retração no preço do petróleo. O contrato futuro do barril do tipo Brent chegou a cair mais de 30% nesta sessão e agora é negociado ao patamar de US$ 34,47, queda de 23,8%. É a menor cotação desde 2016. O Goldman Sachs apontou que o óleo pode ficar ao redor de US$ 30 por barril ao longo do segundo e do terceiro trimestre, sem descartar uma que para US$ 20.